2 - Os 4 v's da produçãO

conteúdo original: silva, i. L.L.; fundamentos para gestão da produção: o mínimo que você precisa conhecer; São Paulo; ed. do autor; 2024;

2.   Os 4 V’s da produção

A indústria é um ambiente complexo e com características particulares em comparação a outros setores da economia. O planejamento, organização e controle dos ambientes de produção demandam a aplicação de inúmeras ferramentas de gestão.

Antes de iniciar a compreensão de algumas destas ferramentas é preciso compreender as macro-características que influenciam diretamente o comportamento da produção, e são chamadas de 4 variáveis da produção, ou 4 V’s da produção.

São elas: Volume, Variedade, Variação da demanda e Visibilidade.

A avaliação destas características é voltada para compreender como a produção da empresa está localizada frente a produção das outras empresas dentro de seu mercado de atuação.

A análise destas variáveis fundamenta-se essencialmente em subjetividades (pode-se ter números em relação a produção de quem analisa, mas dificilmente haverá números muito precisos dos concorrentes), mas devem representar um cenário minimamente plausível dentro das possibilidades.

A compreensão destas características ajuda a dar direcionamento em decisões de planejamento da produção a longo prazo.

Por exemplo, considere uma empresa que ao analisar os 4V’s notou que dentro de seu mercado de atuação está entre as empresas que tem a menor variedade de produtos ofertados. A partir daí, pode-se tomar uma decisão estratégica de aumentar o portfólio oferecido, o que afetará diretamente o planejamento e organização da produção.

Nos tópicos a seguir serão apresentadas as características de análise para cada um dos 4 V’s.

 

2.1.     Dimensão Volume

A dimensão volume representa o número de unidades, litros, toneladas, ou seja, lá qual seja a unidade de medida, que a produção tem a capacidade de produzir.

É importante compreender que a avaliação do volume de produção tem que considerar o tipo de produto fabricado.

Por exemplo, uma fábrica de guindastes hidráulicos pesados que consiga fabricar 50 unidades num mês, tem um alto volume de produção considerando o produto e o mercado, mas uma empresa que fabrique panelas e produza 50 panelas num mês, tem baixíssimo volume de produção.

Entre os 4 V’s, o volume é uma dimensão que pode ser perfeitamente dimensionada ao se observar sua própria produção, mas é muito difícil se ter informações a respeito de concorrentes. Para se avaliar o volume de produção das concorrentes é preciso contar com a capacidade do setor comercial da empresa em obter informações do mercado dentro dos contatos existentes, ou realizar coleta de dados em campo.

O volume de produção é uma característica que afeta diretamente a forma de organizar a produção. Ao se ter grandes volumes, a produção tende a se apresentar por meio de linhas ou equipamentos dedicados a fabricação de um único produto (com pequenas variações), com fluxos facilitados e baixo tempo de atravessamento (Lead Time).

A partir de certo ponto, os grandes volumes de produção trazem os benefícios da economia de escala, que faz com que os custos indiretos sejam diluídos numa maior quantidade de produtos, e reduza os custos do produto.

Menores volumes se apresentam em empresas que estão em crescimento, ou trabalham com grande variedade de produtos, ou ainda com customização. A produção geralmente se apresenta organizada com equipamentos que são compartilhados para se fabricar esta grande variedade, o que faz aumentar a diversidade de fluxos e estoque de materiais.

Este tipo de ambiente é bastante complexo de gerir, minimizando as possibilidades de economia de escala e exigindo mais flexibilidade de todo o ambiente.

Tendo uma interpretação correta da dimensão volume de produção da operação, podemos direcionar decisões que impactam substancialmente na organização fabril. De modo geral temos o seguinte cenário ao avaliarmos a dimensão volume de produção:

·        Alto volume: Quando há grande volume de produção, as decisões organizacionais no chão de fábrica que levem a investimentos que busquem a automação e padronização dos processos tendem a trazer bons retornos. Decisões que facilitem e aumentem o fluxo de materiais dentro da planta também são de grande valia. A especialização do trabalho e utilização de equipamentos com grande tecnologia embarcada também tentem a se enquadrarem em ambientes de alto volume.

·        Baixo volume: Quando há baixo volume de produção, as decisões organizacionais que levem a flexibilização de equipamentos, áreas e pessoal tendem a trazer bons retornos. Em função dessa necessidade de polivalência da mão-de-obra, geralmente investimentos na qualificação do pessoal, habilitando-os para desempenhar diferentes atividades, ou ao menos terem conhecimentos suficientes para serem aplicados em diferentes situações, também são concomitantes com ambientes de baixo volume.

·        Médio volume: Graus intermediários de volume tendem a equilibrar as características de ambas as situações;

A graduação da dimensão volume de uma empresa pode ser um tanto quanto subjetiva, conforme mencionado anteriormente, e dependerá em grande medida do tipo de produto fabricado e do mercado atendido.

Esta característica deve ser representada comparativamente dentro do mercado da empresa, sendo assim, a determinação de grandes ou pequenos volumes leva em consideração a posição da empresa no aspecto volume frente aos seus concorrentes.

 

2.2.      Dimensão Variedade

 

Esta característica está associada a quantidade de diferentes tipos de produtos ou serviços que a organização produz. A dimensão variedade de produtos tem um peso muito grande na complexidade e métodos de organização de estoques, fluxo de materiais e programação da produção para uma empresa.

Da mesma forma que a dimensão volume, é possível ter dados precisos de variedade em relação a produção que se está analisando, mas não em relação aos concorrentes. Da mesma forma é preciso contar com informações vindas do mercado, tanto por parte do departamento comercial quanto por coleta de dados diretas.

Indústrias com alta variedade de produtos tendem a ter quantidades muito grandes de diferentes tipos de matérias-primas, componentes, semiacabados, insumos, tornando o gerenciamento mais complexo à medida que a variedade aumenta. Esta dimensão também é quantificável, mas apresentará aspectos subjetivos que também dependerão do tipo de produto e mercado atendido, porque não é possível dizer com precisão a partir de que ponto a variedade de produtos passa a ser alta ou baixa.

Por exemplo, considere uma indústria que produz automóveis e que tenha centenas de modelos diferentes (modelos completos, não apenas pequenas variações), para este tipo de mercado e de produto, esta pode ser considerada uma variedade altíssima. Já uma empresa que produza tintas com centenas de variações de cores, tem uma baixa variedade, tendo em vista que o comum para este produto e mercado é oferecer variações de cores na casa dos milhares.

No ambiente fabril que trabalha com alta variedade, é imprescindível ter bons sistemas de identificação, separação, organização, e segregação dos produtos. Dada a variedade de materiais, o risco de mistura, identificação errônea, uso inadequado, é potencializado, o que demanda processos visuais de identificação fáceis de serem compreendidos por todos dentro da produção.

Outra característica de alta variedade é que o dinheiro investido em estoque tende a ser maior, já que é preciso ter um estoque mínimo que seja de cada variedade de produto acabado, semiacabado, matéria-prima e componente.

Finalmente processos com alta variedade geralmente precisam de equipamentos que sejam flexíveis para atender diferentes tipos de processamentos, e geralmente tendem a ter maior intensidade de capital humano nas operações e menor grau de automação. Dada a natureza do ser humano ser instável, é preciso sempre se preocupar com seu bem-estar, treinamentos e reciclagens.

Tendo uma interpretação correta da dimensão variedade de produtos da operação, podemos direcionar decisões que impactam substancialmente na organização fabril. De modo geral temos o seguinte cenário ao avaliarmos a dimensão variedade de produtos:

·        Alta variedade: De modo geral as características vinculadas a alta variedade, são as mesmas que são vinculadas a baixo volume. Quando há grande variedade de produtos, as decisões organizacionais que levem a investimentos que busquem a flexibilização do processo produtivo tendem a trazer bons retornos. A flexibilização leva a necessidade de mão-de-obra que atenda a diferentes situações, fazendo com que a capacitação do pessoal seja relevante. Decisões que melhorem a organização e comunicação visual no ambiente fabril trazem grandes benefícios na administração dos inúmeros itens produzidos.

·        Baixa variedade: De modo geral as características vinculadas a baixa variedade, são as mesmas que se vinculam ao alto volume. Em ambientes com baixa variedade decisões que levem a investimentos na padronização de equipamentos e métodos, já que sempre serão fabricados poucos tipos de produtos, tendem a trazer bons retornos. Com baixa variedade, o produto da empresa acaba por enfrentar grande concorrência no mercado levando a necessidade de se trabalhar com custos mínimos, assim a administração deve priorizar a redução de custos dentro do ambiente fabril (a baixa variedade não necessariamente indica um alto volume, então em casos de baixa variedade pode não estar presente o aspecto de economias de escala para reduzir os custos).

·        Média variedade: Graus intermediários de variedade tendem a equilibrar características de ambas as situações;

A graduação da dimensão variedade de produtos pode ser um tanto subjetiva, apesar de ser possível quantificá-la, como ocorre com a dimensão volume e dependerá do tipo de produto e mercado atendido pela empresa.

 

2.3.     Dimensão Variação da Demanda

 

As dimensões volume e variedade são variáveis que estão sob o controle da empresa, ou seja, pode-se decidir o quanto queremos aumentá-las ou diminuí-las. Já a dimensão variação da demanda não está sob o controle da empresa, a organização não tem influência direta sobre esta variável para alterá-la de maneira direta, estando totalmente sob o controle descentralizado do mercado do produto (o máximo que é possível é tentar influenciar esta variável de forma indireta por meio de propaganda, promoções etc.).

Apesar de não se ter controle direto, diferente de volume e variedade, na dimensão variação de demanda é possível se obter dados que representam a realidade tanto para a empresa analisada, quanto para os concorrentes.

 Esta dimensão está relacionada ao comportamento da demanda da organização, ou seja, o aumento ou diminuição das vendas ao longo do tempo. Toda demanda é variável ao longo do tempo, apresentando um comportamento único a cada período, mas é possível identificar demandas que são mais estáveis ou instáveis.

Uma demanda estável, não sofre grandes alterações ao longo do tempo, se comportando de maneira razoavelmente constante. Uma demanda instável apresenta grandes oscilações ao longo do tempo, ou trabalha em ciclos com momentos de demanda muito alta, e momentos de demanda baixa.

Quão maior forem as oscilações da demanda, mais dificuldade é levada para o planejamento e organização da produção. Para compreender esta dimensão considere um resort numa cidade litorânea do Brasil.

Neste tipo de operação é esperado que durante os períodos de férias e durante o verão a demanda atinja níveis altíssimos, exigindo que a operação utilize o máximo de sua capacidade, inclusive tendo que recorrer a situações de contração de mão-de-obra, seja temporária o permanente, e utilização de horas-extras.

Por outro lado, durante o inverno ou períodos chuvosos, a procura pelo resort é diminuída, levando a baixa utilização da capacidade. Neste tipo de situação a uma oscilação da demanda dentro de ciclos conhecidos.

De outra forma, podemos imaginar um hotel em uma grande cidade de negócios. Neste tipo de situação não se apresenta ciclos tão claros de oscilação da demanda, tendo um comportamento mais estável ao longo do tempo (claro que há exceções em momentos que ocorrem grandes eventos na cidade por exemplo).

Outro fator relevante a ser considerado na avaliação da variação da demanda é o período considerado para avaliação desta variação.

Por exemplo, ao longo de um dia pode haver grande variação da demanda de passageiros que utilizam uma linha de ônibus. A variação ocorre porque nos horários comuns a maioria das pessoas que utilizam esta linha para ir e voltar do trabalho há grande demanda, (entre as sete e nove da manhã, e cinco e oito da noite), já nos períodos intermediários a demanda é baixa. Sendo assim, ao longo do dia acontece uma grande variação da demanda nessa linha de ônibus. Já se for considerada a demanda mensal desta linha, provavelmente teremos um cenário estável da demanda, transportando em média o mesmo número de passageiros ao longo dos meses, sem apresentar grande variação.

Tendo este fator em mente, deve-se avaliar a variação da demanda em função de seu impacto na administração da produção (operação), ou seja, se a variação da demanda num horizonte diário tem impacto significativo na produção, deve-se então tomar este horizonte de tempo para avaliar se há grande ou pequena variação.

Já quando o impacto da variação da demanda atinge a operação em horizontes semanais, ou mensais, é baseado nesses períodos que deve ser avaliada a dimensão variação da demanda.

Tendo uma interpretação correta da dimensão variação da demanda da operação, podemos direcionar decisões que impactam substancialmente na organização fabril. De modo geral temos o seguinte cenário ao avaliarmos a dimensão variação da demanda:

·        Alta variação da demanda: Quando há alta variação da demanda a produção é afetada diretamente no aspecto de planejamento da capacidade e programação da produção.  As decisões organizacionais que levem a investimentos que busquem a flexibilização do processo produtivo tendem a trazer bons resultados. As decisões vinculadas a alta variação da demanda estão intimamente ligadas a decisões já mencionadas em cenários de baixo volume e alta variedade, como qualificação da mão de obra. De maneira geral operações com demandas com grandes variações (instáveis) incorrem em maiores custos em sua administração (hora-extra, contratações temporárias, ociosidade etc.), assim é necessário acompanhamento intenso destes custos.

·        Baixa Variação da demanda: Quando há baixa variação da demanda as atividades de planejamento tornam-se menos complexas, o que faz a organização da produção ocorrer de forma mais estável. Com baixa variação os índices de utilização e eficiência dos equipamentos tentem a se comportarem em níveis altos, e é possível especializar mais o trabalho. Uma operação que trabalha num padrão estável de demanda pode ter mais dificuldades de organizar se eventualmente ocorrer variações de demanda maiores que o usual.

·        Média variação da demanda: Graus intermediários de variedade tendem a equilibrar características de ambas as situações;

A graduação da dimensão variação da demanda pode ser um tanto subjetiva, apesar de ser possível quantificá-la, como ocorre com as outras dimensões também dependerão do tipo de produto e mercado atendido pela empresa.

2.4.     Dimensão visibilidade

 

O conceito da dimensão visibilidade é o mais incomum, e o mais subjetivo dentre os 4 V’s. Pode-se definir a visibilidade como à medida que reflita quanto o cliente tem contato direto (ou quanto é percebido) com a produção (ou operação), ou o quanto da operação é exposto ao cliente.

A dimensão visibilidade tem um peso muito maior para a maioria das operações prestadoras serviços, e é um pouco menos impactante dentro de operações industriais.

Uma alta visibilidade ocorre quando o cliente “entra” na operação com bastante frequência, ou ele mesmo é quem é processado (por exemplo, dentista, cabelereiro). Uma baixa visibilidade ocorre quando o cliente tem pouco ou nenhum contato com a operação (por exemplo, compra pela internet).

A dimensão visibilidade é muito mais presente no setor de serviços. Por exemplo, é muito comum ocorrer situações em que deixamos de frequentar, por exemplo, uma lanchonete porque fomos mal atendidos ou tivemos uma percepção ruim quanto a higiene do local. Esta percepção da operação que se chama de visibilidade, e só é possível quando o cliente tem contato (“entra”) na operação.

Imagine por exemplo que você vá comprar um CD para dar de presente para sua namorada ou esposa. Você pode ir a uma loja física, onde mesmo que subjetivamente, você avaliará a organização física do local, a limpeza, você terá contato com o vendedor que pode te dar sugestões e prestar esclarecimentos.

Este tipo de operação tem alto grau de visibilidade com o cliente, em função do cliente ter que entrar na operação para obter o produto. De outro modo, você também pode optar por comprar o CD pela internet, onde não terá nenhum contato físico com a loja que vende, fazendo desta uma operação com baixo grau de visibilidade.

Pode-se considerar que o contato com o ambiente do site na internet da loja também seja uma forma de contato com a operação, mas de toda forma, comparativamente ao contato com uma loja física, haverá menor grau de contato.

Conforme mencionado, o aspecto de visibilidade é menos constante dentro de operações industriais, onde ocorre de maneira mais indireta (quando somente os representantes de compras da empresa ou a própria diretoria vão a empresa fornecedora para tratar das relações comerciais), ou de maneira mais formal (quando há auditorias previstas em contrato por parte do cliente).

Na indústria, uma situação muito comum é quando a empresa é fornecedora de uma empresa dominante dentro da sua cadeia produtiva, ou uma empresa de grande porte.

Nesta situação a empresa compradora (cliente) tem grande poder sobre seu fornecedor, e pode exigir (baseado em auditorias ou não conformidades nos produtos) visitas, adequações, melhorias, da operação produtiva. Dentro destas relações comuns entre empresas industriais, que são pautadas por atendimentos a normas da qualidade, onde o cliente realiza auditorias e acompanhamentos da operação do fornecedor, há elevado grau de visibilidade.

Tendo uma interpretação correta da dimensão visibilidade da operação, podemos direcionar decisões que impactam substancialmente na organização fabril. De modo geral temos o seguinte cenário ao avaliarmos a dimensão visibilidade numa operação:

·        Alta visibilidade: Quando há alta visibilidade da operação, decisões e investimentos que priorizem a organização, limpeza, comunicação visual do ambiente fabril tendem a trazer bons resultados. Se o conceito de visibilidade for estendido também para o contato do cliente com o produto, ou seja, sua avaliação da qualidade do produto (e admitindo que a organização da empresa tenha uma relação direta com a qualidade do produto, o que pode não ser verdadeiro em todos os casos), pode-se dizer que ações organizacionais e de projeto que prezem pela qualidade do produto e melhoria contínua do processo, também beneficiem empresas com alta visibilidade. Com alta visibilidade também são bem-vindas capacitações e desenvolvimento de habilidades de negociação nos funcionários que realizam o contato direto com o cliente.

·        Baixa visibilidade: Quando há baixa visibilidade os custos unitários do produto tendem a ser menores, em função da menor necessidade de investimentos para contemplar aspectos que beneficiem a alta visibilidade.


2.5.     Representação dos 4 V’s

 

Baseado nos conceitos dos 4 V’s da produção, e seu relativo grau de subjetividade (em função das informações dos concorrentes), sua análise é realizada por meio de um gráfico com barras de intensidade.

O diagrama apresenta as quatro variáveis e sua intensidade variando de “baixa” a “alta”. Note que para a variável “Volume” a intensidade baixa está posicionada a esquerda, e a intensidade alta a direita. Para as outras variáveis este posicionamento está invertido (alta a esquerda e baixa a direita).

Esta inversão se faz necessária para representar uma característica da análise que mostra que: quão mais à esquerda estiverem as variáveis maiores são os custos de planejamento e organização da produção; quão mais à direita estiverem as variáveis menores serão os custos da produção.

Figura 2.1 – Diagrama de avaliação dos 4 V’s

 

Baixos volumes não trazem o benefício da larga escala, alta variedade leva a maiores estoques e mais complexidade de administração, alta variação traz mais dificuldade de acompanhar a demanda, e alta visibilidade traz mais interferência do cliente dentro da sua operação. Todas as características que levam a maiores custos.

Inversamente, alto volume, baixa variedade, baixa variação, e baixa visibilidade, traz características que levam a menores custos.

Tendo coletado as informações a respeito da empresa sendo analisada e de seus concorrentes, desenha-se o grau de intensidade em cada uma das variáveis no diagrama. Observe um exemplo na figura a seguir.

São apresentados posicionamentos relativos nas variáveis para duas empresas A e B que atuam no mesmo segmento de mercado. Observa-se que o padrão geral no “desenho” feito pelas linhas é muito similar para ambas as empresas (algo próximo a letra S).

A empresa A trabalha com maiores volumes, mas tem baixa variedade se comparada a empresa B. Nos quesitos variação da demanda e visibilidade elas estão muito próximas (isso tende a acontecer porque são características muito ligadas ao tipo de mercado que atuam).

 

Diante deste cenário pode-se conjecturar que a empresa A é uma empresa que trabalha (ao menos deveria) com equipamentos e linhas produtivas dedicadas a poucos tipos diferentes de produtos, onde o fluxo deve ser priorizado, assim como a automação.

Figura 2.2 – Exemplo de aplicação dos 4 V’s

Já a empresa B, que conta com maior variedade, precisa ter sistemas de organização e comunicação visual muito eficientes, além de ter que lidar mais frequentemente com setup de equipamentos e talvez maior intensidade de utilização de mão-de-obra (tudo em função da maior variedade).

 

O resultado destas interpretações é fomentar com informações o planejamento a longo prazo das empresas, as possibilitando indicar tendências para o comportamento futuro da produção como por exemplo, investimento em automação (empresa A), ou investimentos em programas de Troca Rápida de Ferramentas (empresa B).

conteúdo original: silva, i. L.L.; fundamentos para gestão da produção: o mínimo que você precisa conhecer; São Paulo; ed. do autor; 2024;